Todo
mundo fala da traição sobre a ótica da mulher sofrida e do cafajeste traidor.
Ninguém
se importa com a amante, também conhecida como desgraçada, vagabunda, rampeira,
interesseira e destruidora de lares.
Podia
ser sua irmã, um dia pode ser você!
A
realidade que se vê não é bem assim. Aliás, a realidade sempre contraria aquilo
que gostaríamos que fosse o ideal.
A
amante é uma mulher como você ou sua melhor amiga, até sua mãe.
A
amante é uma mulher em busca do calor gostoso de um amor para a vida inteira.
“Escolhesse
um homem solteiro!” – vão praguejar as mulheres traídas.
Sim,
esse é o ideal, na prática essas mulheres se encantam por aquele homem meio
cabisbaixo, confiante (mas por dentro hesitante) que vai surgindo lentamente no
seu horizonte emocional.
Se
pudesse escolher ninguém optaria por uma relação confusa, caótica e cheia de
perturbação.
Mas
o coração humano é um caldeirão de contrariedades e sequelas.
Há
pessoas que carregam um profundo medo de intimidade emocional.
Racionalmente
elas anseiam conviver ao lado de alguém que traga o consolo e a certeza de que
o amanhã está garantido, mas emocionalmente gostam dos altos e baixos de uma
relação tumultuada.
São
mulheres viciadas em frustrações e que só sabem conviver com esmolas
sentimentais.
Sua
roda-gigante afetiva sempre recebe o homem cansado da mulher oficial e
proporciona a ele um ciclo de romantismo intenso até desová-lo novamente
naquele mar de apatia matrimonial.
A
despedida dolorosa é só uma encenação para seu jogo de auto sabotagem.
Ela
se alimenta da ilusão que ele irá deixar tudo o que tem para ficar com ela. No
fundo ela não deseja isso, afinal sabe que quando ela se tornar a oficial ele
irá ter o mesmo comportamento descuidado que tem com a esposa.
Ela
gosta de receber as pepitas de ouro. O cascalho fica com a “patroa”.
Esse
alimento de migalhas saborosas rende boas memórias, intensas noites de sexo,
conversas despretensiosas e divertidas, nada mais que isso.
No
fundo ela vê a vida através de uma folha picotada num filme mal editado.
A
amante vive de trailer emocional, parece que o filme é bom, mas nunca sabe o
final.
Sem
perceber a amante sustenta esse casamento falido, afinal dá força extra para
aquele homem temeroso da solidão e incapaz de assumir o pulso da própria vida.
Ela
pode permanecer anos naquela história misteriosa com o homem que só aparece em
horários estranhos e deixa os fins-de-semana com cama vazia e ansiedade no
coração.
Para
alguém que se acostumou a viver uma vida pela metade pode ser um alívio não
enfrentar os desafios do cotidiano, mas para alguém que anseia por tudo a vida
de amante pode ser o mais terrível martírio auto imposto.
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